segunda-feira, 3 de maio de 2010

Muitos obrigados, poucos escolhidos.

     Uma matéria jornalística deste final de semana muito preocupou porque refletiu a importância a qual se tem dado nos últimos anos aos militares deste país: "Forças Armadas dispensam 80% dos jovens no Estado". Nunca na história deste Brasil vimos tais instituições sesquicentenárias tão desprestigiadas quanto às Forças Armadas, braços fortes do governo e legítimas defensoras da soberania nacional.

     Quando se lê a matéria, verifica-se um oficial graduado dizer que quem reprova é um “software” que seleciona apenas pequena parte dos jovens obrigatoriamente alistados. Um "software" vejam só. Se a União não consegue manter o total ou pelo menos a maior parte deles quando do alistamento, então se pergunta, por que de ser obrigatório o serviço militar se a grande massa fica dispensada por um “programa de computador"?. E com relação à falta dos ensinamentos que estas pessoas vão sentir em sua vida pelo não cumprimento desse importante serviço a nação?

      Na verdade o que nos parece é que ao Estado não convêm ter um braço armado forte, pronto para defender a nação das possíveis intervenções à soberania nacional. Não sabemos se isso tudo é fruto do medo de uma insurreição militar diante do descalabro político administrativo que se instalou no país, principalmente no que toca à corrupção desenfreada, grande inimiga da administração pública ou é coisa que o valha. O que é fato é o flagrante desaparelhamento das instituições militares que hoje se vêem privadas de melhores condições para desempenharem seu salutar papel num estado democrático de direito, como querem, seja o Brasil.

     Só que para se instituir este tipo de estado democrático, é necessário primeiramente ter-se um aparato capaz de estabelecer a soberania nacional e este aparato nada mais é do que as Forças Armadas que muito tem contribuído para o fortalecimento de nossa nação. Exemplo disso é a continua participação do Exército Brasileiro em missões na Organização das Nações Unidas, sem falar no serviço prestado diuturnamente a nação quando simplesmente se colocam jovens para passar um ano sob a égide do serviço militar obrigatório, que contribui para ensinar a muitas dessas pessoas a ter um primeiro contato com o mundo real adulto e suas adversidades intrínsecas.

      Entendemos ser um grande mal à estes jovens que sonham em servir a pátria, sem contar na falta do aprendizado da camaradagem, da amizade, do senso de respeito e do destemor que se apreende quando da convivência com irmãos em situação de conflitos simulados. Ai é que nasce a verdadeira pessoa humana de coragem, que estará pronta para encarar os maiores desafios em prol do próximo e de sua própria nação. E quando acontece o que se noticiou neste último fim de semana, muitas dessas pessoas, jovens esperançosos de um futuro melhor, que se encontram as vezes com a última possibilidade antes dos desafios mundanos, de fomentar seu caráter, ficam prejudicados pela falta de oportunidade de vida, afetados pelo fato de o Estado não poder fornecer vagas para estas pessoas.

      Mas a grande questão que coloca é de fato o porquê deste pouco acolhimento dos jovens. Será que um mero software é capaz de rejeitar por si próprio, pessoas que desejam prestar serviços à nação. Os nossos quartéis não suportariam a quase totalidade dos jovens alistados? Ou estamos diante de uma imensurável contenção de gastos em serviços essenciais para se investir noutros setores? Cremos não ser esta a questão mas outra de cunho ideológico que atravanca os serviços militares da nação. É capital? Ah, não mesmo, pois dinheiro tem e de sobra, basta-se moralizar a administração dos recursos públicos neste país; basta que os representantes do povo vivam apenas do seu salário; que se dê a destinação correta à todos os tributos pagos às duras penas pelos brasileiros de todas as classes sociais; basta de corrupção! Enquanto isso, a criminalidade vai ganhando território, principalmente carreada pelo narcotráfico e suas matérias primas e produtos finais entorpecentes e escravizantes que adentram em nosso país pelas imensas fronteiras desguarnecidas neste continente, levando ao inferno em vida milhares de jovens dependentes deste produto maléfico.

       Bom, opinião a parte, com a palavra os gestores desta imensa nação, para que se resolvam problemas simples como a educação, a saúde e os serviços de qualidade para todos os brasileiros. Chega de se relegar a segundo plano instituições que verdadeiramente defendem o país. Chega de se jogar nossos jovens às sortes do mundo. Dêem-lhe condições adequadas de desenvolvimento psicossocial e veremos uma grande nação, luz para o mundo.

Mairton Dantas Castelo Branco – Capitão PM-RN

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