Violência, conflito e ideologia.
Podemos pensar a violência como sendo um conjunto de práticas ou atos, físicos ou não, que de certa forma possam trazer algum prejuízo, material ou não a determinada pessoa ou grupo de pessoas ou mesmo a objetos, bens de direito da vida. Não podemos pensar violência apenas como sendo aquela física, notada e sentida, violência visível, propriamente dita, mas também daquela que se convencionou chamar de violência estrutural, muitas vezes muito mais danosas aos seres humanos.
Por isso não se pode sequer estabelecer um conceito único de violência, pois a mesma, na verdade é um processo multifacetado e que apresenta nuances que muitas vezes sequer percebemos. Por exemplo, quando falta um atendimento digno de acesso à saúde, a educação e a distribuição de riquezas em uma nação, estamos diante de uma violência estrutural sem dimensionamento ou com muito pouco, até porque o que aparece na mídia é a violência vermelha oriunda de mais diversas causas, inclusive e com mais intensidade hodiernamente em virtude das drogas.
E quanto à aparente confusão entre conflito e violência? Entendemos que a violência por si só, se diferencia do conflito porque naquela, necessariamente não há uma interação social, pois falta a alteridade, o ver o próximo, enquanto que no conflito, social é até necessário ao desenvolvimento humano. Existe a possibilidade, via de regra, de haver esta interação e não há degeneração, necessariamente em violência. Na violência, o outro é um objeto pronto a ser subjugado, aniquilado enquanto que nos conflitos propriamente ditos, há uma disputa salutar e até regrada. Em síntese “o conflito é um enfrentamento hostil enquanto a violência só decorre se dois membros de uma mesma espécie se enfrentam”

A par disto, existem em nossa sociedade diversas formas de violências que são disfarçadas do nosso cotidiano de diferentes formas. Coloca-se ideologicamente que a violência física é a grande vilã da sociedade, quando sabemos que ela é apenas o corolário das violências sociais silenciosamente postas a nós e, diante disso, às vezes nem nos damos conta.
Para ilustrar melhor, basta que vislumbremos a política injusta que se faz aos aposentados e idosos neste país; a falta de um rede de saúde eficaz que abranja a todos sem distinção com serviços de qualidade e que não obrigue aos brasileiros desembolsaram parte de seus salários, já gulosamente mordidos pelo fisco, para garantir um pouco de saúde. E famílias inteiras vivendo nos lixões das cidades? E as crianças abandonadas debaixo dos semáforos? Mais exemplos? O consumo desenfreado de drogas?
A deficiência na educação que coloca o Brasil no ranking dos países de piores sistemas educacionais do mundo competindo com países muito mais pobres que o nosso (e olha que não somos pobres), pobres são algumas pessoas (que são ricas por usurparem o erário) que elegemos para serem nossos representantes, que em grande parte, só pensam nos seus interesses particulares e no máximo nos de seus apadrinhados.
Mas, ainda podemos vislumbrar uma luz no fim do túnel. Em algum momento, mesmo que por meios próprios, a sociedade civil organizada vai despertar, e, reivindicando seu justo direito de forma ordeira e pacífica, por meio do voto consciente, deixará de colocar para gerir nossos destinos pessoas como temos visto ultimamente.
E finalmente, o Brasil poderá figurar como uma verdadeira potencia, deixando de fomentar a violência estrutural e também a violência física causadas por diversas facetas desde o consumo de drogas, a má distribuição de renda, falta de oportunidades, serviços básicos e demais injustiças sociais. E, sendo assim, os níveis de violência poderão ser controlados e poderemos viver melhor numa sociedade mais justa, digna e igualitária, coisa que há muito tempo desejamos.
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