“ "Chernobyl não foi suficiente, será preciso um acidente em Angra? fazer acordo com a Argentina, gastar milhões em mais usinas” Faz mais de vinte anos que me deparei com uma letra de uma banda de “punk-rock” chamada os Replicantes, que cantava exatamente tal refrão. Os músicos nunca pensaram em Fukushima, creio que sequer existia a planta desta usina, a qual amarga agora os dissabores de uma catástrofe nuclear. Se fosse hoje entraria na letra.

No entanto sete anos depois veio a catástrofe de Chernobyl que vitimou milhares de pessoas porque os efeitos da radiação não somente atingem a área próxima da usina, como aconteceu na cidade ucraniana a poucos quilômetros da usina chamada Pripyat, mas a poeira, os líquidos, os vapores se espalham no ar, contaminando águas, vegetais, a atmosfera e o pior é que as pessoas mais distantes não sentem diretamente o que está acontecendo e sim, os sintomas da intoxicação. Os efeitos são mortais.
E agora Fukushima no Japão. Não estão querendo divulgar mas este acidente, talvez seja o mais horrendo da história da produção da energia nuclear. Tem-se notícias de que a radiação já atinge Tókio a mais de 200 km da usina e a rede de abastecimento de água está contaminada, mesmo os especialistas dizendo que em quantidades não letais para o ser humano, mas que já há certos riscos. Você beberia água de torneira naquela cidade? Água engarrafada está em falta, diz a maior revista em circulação no pais. A crise nuclear está instalada.
Mas, quanto ao restante das usinas nucleares espalhadas pelo mundo? Pelo que sabemos, na França, aproximadamente 78% da sua energia é gerada por plantas de usinas atômicas. E você morre para conhecer Paris, a torre Eiffel, os campos Elísios, o Arco do Triunfo e o museu do Louvre, eu também. Nos Estados Unidos, este patamar chega 19%. E quantos e quando acidentes mais virão? No Brasil, no auge do regime de exceção, dominar a tecnologia nuclear era mostrar ao mundo que se pudesse operar uma usina daquelas, também poderia usar urânio para outros fins, inclusive bélicos. Sabemos que aproximadamente 3% para sermos bastante generosos, segundo a citada revista, é o que produz as usinas vagalume em Angra. Produção totalmente irrelevante do ponto de vista econômico e tecnológico, tendo-se em vista que o Brasil possui fontes de energia limpa como a solar, eólica, as hidrelétricas. Não é necessária energia atômica para a nossa nação, pelo menos daqui a uns cinqüenta anos, quando teremos destruído nossos rios, florestas e demais mananciais, se a coisa continuar neste ritmo.
Concluindo. Não precisa ser um especialista para deduzir que a energia nuclear, dita pelos seus defensores como viável e segura, é uma tremenda fonte de morte e destruição, estamos presenciando, já presenciamos, mas, não queremos presenciar mais. Pode haver todo o aparato de segurança, mas quem opera no final é o ser humano, cheio de virtudes, problemas e defeitos. Ademais, tem sempre as causas naturais que costumam não avisar quando virão. Daí o exemplo do Japão, terceira econômia mundial, preparadísssimo para as catástrofes naturais porque situado numa zona de instabilidade das placas tectônicas e por ser um país à deriva no pacífico, ou melhor uma ilha. Então, cientistas e entendidos de energia nuclear, não me venham com engodos. Eu prefiro ficar na energia produzida pelas usinas hidrelétricas e outras formas de energias renováveis, que também poluem e destroem o meio ambiente, mas consideradas as proporções, são infinitamente menos letais a longo prazo do que as produtoras de energia nuclear.
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