sexta-feira, 25 de março de 2011

Chernobyl não foi suficiente

“                      "Chernobyl não foi suficiente, será preciso um acidente em Angra? fazer acordo com a Argentina, gastar milhões em mais usinas” Faz mais de vinte anos que me deparei com uma letra de uma banda de “punk-rock” chamada os Replicantes, que cantava exatamente tal refrão. Os músicos nunca pensaram em Fukushima, creio que sequer existia a planta desta usina, a qual amarga agora os dissabores de uma catástrofe nuclear. Se fosse hoje entraria na letra.
                            Mas não foram somente estes dois acidentes registrados na história da humanidade. Houve um nos Estados Unidos, no final da década de 70 que não foi muito comentado. Claro, quem divulgava matéria negativa do Tio Sam no seu maior apogeu na era mais próspera daquela imperiosa nação? A internet ainda engatinhava. A central nuclear de Three Mile Island no Estado da Pensilvania sofreu um acidente por falha de equipamento em virtude de mau funcionamento do sistema. Pelo que se soube, o governo local, depois do acidente, considerado numa proporção oito vezes maior do que a letal, somente começou a retirar as pessoas dois dias depois do sinistro, todavia, depois de divulgado, mais de 140 mil pessoas foram evacuadas de uma área de aproximadamente oito quilômetros da usina. Quem pagou a conta?
                             No entanto sete anos depois veio a catástrofe de Chernobyl que vitimou milhares de pessoas porque os efeitos da radiação não somente atingem a área próxima da usina, como aconteceu na cidade ucraniana a poucos quilômetros da usina chamada Pripyat, mas a poeira, os líquidos, os vapores se espalham no ar, contaminando águas, vegetais, a atmosfera e o pior é que as pessoas mais distantes não sentem diretamente o que está acontecendo e sim, os sintomas da intoxicação. Os efeitos são mortais.
                            E agora Fukushima no Japão. Não estão querendo divulgar mas este acidente, talvez seja o mais horrendo da história da produção da energia nuclear. Tem-se notícias de que a radiação já atinge Tókio a mais de 200 km da usina e a rede de abastecimento de água está contaminada, mesmo os especialistas dizendo que em quantidades não letais para o ser humano, mas que já há certos riscos. Você beberia água de torneira naquela cidade? Água engarrafada está em falta, diz a maior revista em circulação no pais. A crise nuclear está instalada.
                            Mas, quanto ao restante das usinas nucleares espalhadas pelo mundo? Pelo que sabemos, na França, aproximadamente 78% da sua energia é gerada por plantas de usinas atômicas. E você morre para conhecer Paris, a torre Eiffel, os campos Elísios, o Arco do Triunfo e o museu do Louvre, eu também. Nos Estados Unidos, este patamar chega 19%. E quantos e quando acidentes mais virão? No Brasil, no auge do regime de exceção, dominar a tecnologia nuclear era mostrar ao mundo que se  pudesse operar uma usina daquelas, também poderia usar urânio para outros fins, inclusive bélicos. Sabemos que aproximadamente  3% para sermos bastante generosos, segundo a citada revista, é o que produz as usinas vagalume em Angra. Produção totalmente irrelevante do ponto de vista econômico e tecnológico, tendo-se em vista que o Brasil possui fontes de energia limpa como a solar, eólica, as hidrelétricas. Não é necessária energia atômica para a nossa nação, pelo menos daqui a uns cinqüenta anos, quando teremos destruído nossos rios, florestas e demais mananciais, se a coisa continuar neste ritmo.
                            Concluindo. Não precisa ser um especialista para deduzir que a energia nuclear, dita pelos seus defensores como viável e segura, é uma tremenda fonte de morte e destruição, estamos presenciando, já presenciamos, mas, não queremos presenciar mais. Pode haver todo o aparato de segurança, mas quem opera no final é o ser humano, cheio de virtudes, problemas e defeitos. Ademais, tem sempre as causas naturais que costumam não avisar quando virão. Daí o exemplo do Japão, terceira econômia mundial, preparadísssimo para as catástrofes naturais porque situado numa zona de instabilidade das placas tectônicas e por ser um país à deriva no pacífico, ou melhor uma ilha. Então, cientistas e entendidos de energia nuclear, não me venham com engodos. Eu prefiro ficar na energia produzida pelas usinas hidrelétricas e outras formas de energias renováveis, que também poluem e destroem o meio ambiente, mas consideradas as proporções, são infinitamente menos letais a longo prazo do que as produtoras de energia nuclear.


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Militar Estadual - Estudante de Direito - Área da segurança pública.