quarta-feira, 2 de março de 2011

Um mundo dividido


Hoje resolvemos deitar no papel algumas linhas que trazem à luz  uma reflexão simples: é que mesmo com o blá blá blá da globalização, cada vez mais as nações estão se ensimesmando dentro de seus territórios.
Li com atenção uma matéria publicada em jornal local que relatava o exemplo da Suíça, país desenvolvido, com renda per capita acima da média mundial, está mudando sua legislação para facilitar a expulsão, ou mais polidamente, a extradição de estrangeiros que por ventura cometam, venham a cometer ou tenham cometido crimes em seu território, podendo relegar à plano secundário um devido processo legal.
                        Vemos isso com certa preocupação pois com este tipo de conduta expulsando-se a pessoa humana, sem um devido processo legal, soa como uma volta à tempos imemoráveis do qual nem nos atrevemos a citar pois levou à morte milhões de pessoas apenas porque pertenciam à determinada etnia.
            Um dia desses, passando pela velha Rua Chile, que já foi palco de encontros internacionais quando as fronteiras eram abertas e a imigração acontecia até de forma incentivada, deparei-me com uma inscrição, ou melhor, pichação que dizia o seguinte: “nações são prisões, o mundo é de todos”. Fiquei pensando que nestes dizeres e hoje, do jeito que o mundo anda, acabo por concordar com a idéia do grafiteiro. Vejam a imensa cerca, feita na divisa dos Estados americano e mexicano por iniciativa daquele. Tudo em nome da segurança. Sempre ter cuidado com o que é nosso é importante. Aliás, se hoje vivemos em nosso próprio mundo, nosso reino, nosso lar, isolados com grades, altos muros, cercas elétricas, vigilância eletrônica e outros aparatos para manter nossa segurança. Imaginem o que não podem ainda fazer os países para manter sua soberania?
                        Claro que crimes não devem ser perdoados nem sequer se deve passar a mão na cabeça das pessoas que por ventura venham a cometer atos atentatórios à soberania de uma nação na qual se está de passagem. Pelo contrário, se no Brasil punimos com rigor brasileiros ou estrangeiros que cometem crimes em território nacional, como também outros estados nacionais deixariam de processar e punir estrangeiros que violem as suas leis e portanto à soberania? Contudo, cremos que as políticas internacionais de segurança e controle da criminalidade devem ser aprimoradas no sentido de que se evitem e se desfaçam de grupos de pessoas ou de pessoa isoladamente que por ventura resolvam afrontar às normas aceitáveis de convívio em sociedade. Todavia, da forma que estão fazendo, soam parecer  inaceitáveis. Um verdadeiro fomento a xenofobia.
                        Tem uma propaganda de uma operadora famosa de telefonia que já disse que viver num mundo sem fronteiras é parte de seus serviços. Mas esse mundo sem fronteiras apenas está no que toca os meios de comunicação em alguns países, principalmente os ocidentais que, liderados pelos Estados Unidos, proclamam liberdade de comunicação e expressão, todavia, na prática, quando alguém pessoalmente tenta ingressar nestes territórios, mesmo que legalmente, as exigências são cada vez mais rigorosas. Passagem pela alfândega, revistas gerais, scanners de corpo, raio x etc. Sem falar nas entrevistas e nas exigências de apresentar comprovante de dinheiro para ida e para volta além do passaporte com o visto carimbado pela autoridade diplomática do pais visitado. Ufa!
                        Parece que no mundo globalizado, a tendência é que as barreiras somente não devam existir quanto aos meios de comunicação e ainda assim, nos países em que a democracia impera, pois em algumas nações mais fechadas como as do Oriente Médio e da Ásia, as informações são altamente controladas e mesmo a internet, este canal de acesso ao mundo, ainda que virtual, ainda sofrem com os censores de plantão.
                        Mas então, o que será daqui para frente? Trancam-se as fronteiras em nome do medo ao terrorismo ou do crime estrangeiro; expulsam-se de forma mais drásticas os imigrantes legais envolvidos em práticas criminosas sem sequer oferecer o direito da ampla defesa e do contraditório ou... abre-se tudo de vez, unificam-se os continentes, colocam-se os mercados comuns e comunidades para funcionar? Eis uma grande questão que somente em grandes discussões em nível mundial, poder-se-á esclarecer. Que caminho seguir?  Construir cercas, figurando países como campos de concentração gigantesco das próprias pessoas ou abrir as fronteiras com a vigilância adequada e em busca do desenvolvimento sustentável e da paz mundial? Sinceramente, eu não sei.    

Mairton Dantas Castelo Branco – Maj PM-RN

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Militar Estadual - Estudante de Direito - Área da segurança pública.