segunda-feira, 20 de junho de 2011

Choveu gelo no Seridó.


Choveu gelo no Seridó.

A quem contamos começa logo a gargalhar. Tá louco? Ou está de brincadeira comigo? Você realmente quer que eu creia que naquelas terras, quente que só uma fornalha mas bonita que só um pitéu, onde só chove de ano em ano, choveu gelo? E a risada de espalha grácil pelo ar. E ficamos meio envergonhados de dizer isso que parece um disparate. Mais isso de fato presenciamos na nossa mais tenra idade na época de férias em Caicó, casa da amada tia Margô para os íntimos, na terra da Casa Forte de Cuó, onde passávamos mês ou mais distantes dos problemas da periferia de Natal nos idos dos 80, que aliás, eram mais graves que os de hoje, penso.
Mas o melhor é que é verdade.  Há uns vinte anos atrás, estávamos  eu e um primo muito querido  em plena tarde a observar a estrada que liga Caicó a São João do Sabugi, vislumbrando a bonita paisagem do Açude Itans, grande reservatório que por muitos anos fora a barragem mais importante do Seridó, quando de repente, começa uma chuva. A princípio miúda mas que se avolumou um pouco e quando demos por nós,  eis que começou a cair pequenos fragmentos de gelo sobre nossos ombros e cabeças. O teto da casa ressoava o som do granizo batendo nas telhas molhadas, as árvores sofriam com a queda das pequenas pedrinhas de gelo, granizo. Todo mundo maravilhado com a situação inusitada.
 Por curiosidade peguei um dos pedacinhos de gelo e também por matutice, pois moramos na Capital também de clima tropical e quente na maior parte do tempo, provei-os. Era realmente água congelada. Pasmem, Fiquei abismado com aquilo. Desde que me entendia de gente, nunca vi coisa igual. Claro que isso ainda me deixa abismado e até hoje não consegui decifrar o extasiante fenômeno.
Bom, dizem os “experts” que o acontecido não é comum e que tem origem nas chamadas nuvens cumulus nimbus quase na estratosfera. Em  locais onde se passa muito tempo sem chover, pode acontecer tal fenômeno, criando-se granizos, claro que não é nada comum. Ao certo não sabemos explicar, todavia diante de tal fenômeno, ficamos abismados com o fato. Mas isso nos chamou bastante a atenção e ficamos encucados! Como pode?
Ao lermos personagens que retratam de forma tão maravilhosa as paragens do sertão do Seridó, como Oswaldo Lamartine, Otto de Brito Guerra e outros sertanejos apaixonados pela caatinga desta terra sem par, não nos recordamos acerca de relatos dessa natureza. Daí toda a surpresa com tal fenômeno.
Mas o fato e que choveu gelo em Caicó e não foi somente uma vez. Imagine o susto de ser ver brotar gelo do céu em pleno sertão nordestino. Parecia uma dádiva dos céus e realmente o era. Coletamos algumas amostras, todavia, como isso já se tem passado alguns anos, idos da nossa mocidade, não pudemos conservar as benditas pedras de gelo para poder provar a nossa história. Fica um relato, um verdadeiro “causo” a enfeitar a nossa literatura do sertão. Será que um dia o sertão vai virar mar? O medo que um dia o mar também vire sertão, como dizia a música. Esperamos que não.
Este conto até parece com as histórias do escritor e contador de “causos” Valério Mesquita pela curiosidade que desperta. Todavia apesar de parecer engraçado, aconteceu e em todos os anos seguintes que estivemos na linda cidade de Caicó, terra pela qual temos muito amor, não mais presenciamos tal fenômeno. Esperamos ainda um dia sentir novamente a experiência de ver uma chuva dessa no Seridó, mas que seja como a que foi, abençoada, linda e leve ao ponto de elevarmos nossos pensamentos ao sagrado, perguntando: porque ainda tem tanta gente que acredita que Deus não existe?
E para não dizer que estamos inventando “causos”, muito embora o pareça, notamos que o fenômeno aconteceu novamente no ano de 2008 numa comunidade chamada de Manhoso e que assustou os moradores, assim o narrando os blogs da região do seridó. É só pesquisar na net: chuva de granizo em Caicó.

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