segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Morte de Heróis

     Neste último dia dezoito de outubro de dois mil e nove foi assassinado o Policial Militar da reserva Francisco Fernandes Campos, de 54 anos, servindo na guarda patrimonial. Um dia antes, tombavam dois policiais no Rio de Janeiro.
     Francisco Campos morava na periferia tal qual a maior parte dos policiais brasileiros. Como todo o trabalhador, procurava sempre, para melhorar as condições de vida, trabalhar ainda mais, mesmo já tendo o direito adquirido à reserva após os trinta anos dedicados ao serviço policial e à sociedade potiguar. Fazia isso, assim como centenas de outros senhores servidores da reserva, porque o soldo de um policial aposentado em alguns casos, não tem sido suficiente para manter a família com mais dignidade, haja vista a perda de alguns incentivos os quais possui quando em atividade.
     Como é dura a vida de um policial militar brasileiro e porque também não dizer, de outras categorias de trabalhadores da segurança pública. Isto se dá principalmente porque são tratados de forma diferenciada de Estado para Estado, com vencimentos e condições de trabalho desiguais, muito embora exerçam a mesmíssima atividade sob a égide de uma só Constituição e da mesma legislação criminal e sob o domo da crescente violência em nosso meio social.
     Hoje, por força da criminalidade, principalmente pelo aumento assustador do comércio ilegal de entorpecentes e do consumo cada vez maior dessas substancias que tem degenerado nossa sociedade, policiais militares são obrigados a se deslocarem de casa para o trabalho ou vice e versa, à paisana. Isso em virtude dos constantes atentados sofridos por estes servidores em todo o Brasil. Lembrem-se dos ataques a policiais militares e agentes penitenciários no Estado de São Paulo em dois mil e sete e agora há pouco na Bahia, todos desencadeados por ordens de facções do crime organizado.
     Sabe-se através de dados científicos que a função policial, e acordo com a Organização Mundial do Trabalho, é uma das atividades mais estressantes do mundo, isso considerando as condições de trabalho de países desenvolvidos. Agora, avalie-se nos países em desenvolvimento como o Brasil onde a violência é sempre crescente.
     Cidadãos brasileiros que dependem da segurança pública, ainda mais do que de outros serviços, quando percebem que policiais viram reféns da situação, sentem-se perdidos e sem saber a quem recorrer, pois quem vai proteger quem protege? E como os que protegem vão proteger se não estiverem protegidos?

     Que estes tristes episódios que levam a óbito cidadãos, policiais, pais de família que deixam esposas, filhos e muitas saudades aos amigos e companheiros de farda, sirvam de exemplos para o poder público. Esse é um momento em que se enxerga a necessidade de se oferecerem melhores condições de trabalho aos servidores da segurança, proteção para seus lares e oportunidades para que eles cada vez mais desempenhem suas funções de forma mais segura, com honra, dignidade e coragem.  
     É isso que se espera do poder público e é só com tais condições que estes heróicos homens, que juraram defender a vida alheia, mesmo com o risco das próprias, assim como ocorreu com os nobres policiais cariocas e com Francisco Campos, que perderam suas vidas em prol da segurança pública, podem melhor desempenhar suas atividades, garantindo segurança a todo o corpo social.

    
 

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Militar Estadual - Estudante de Direito - Área da segurança pública.