domingo, 25 de outubro de 2009

Drogas: uma incômoda verdade.

     Com o título, quem cheira mata, a revista Veja desta semana mostra ao Brasil em reportagem especial uma verdade incomoda: a de que o comércio das drogas ilícitas só existe porque simplesmente há quem o sustente.
      A matéria em si está voltada principalmente para o Estado do Rio de Janeiro onde o consumo de drogas, mais do que em qualquer outra parte, gera violência sem igual, ceifando anualmente centenas de vidas. Contudo, é bom que se considere que o problema não é somente daquele Estado da Federação, mas se estende por todo o Brasil, principalmente nos grandes centros urbanos.
     O consumo de drogas acaba por criar um círculo vicioso que começa com a simples compra de um “cigarrinho” ou outra coisa do tipo, que gera receita ilegal que, expandindo-se por outros setores da economia escusa, financia outros lucrativos negócios como o tráfico de armas, aquisição de bens através de lavagem de dinheiro e outros crimes que se associam ao tráfico, gerando sempre mais violência no meio social.
     O problema é que o Brasil, um pais continente, não possui mecanismos sólidos, robustos e eficazes para combater a entrada de drogas no território nacional. Segundo a revista, sessenta por cento das drogas que adentram no pais, o fazem por meio dos terminais de embarcações. Isso reflete a insegurança nos portos brasileiros onde não existe uma fiscalização eficaz dos produtos que chegam ao país em linhas gerais. Todavia, as pessoas que lucram com esse nebuloso comércio, são muito criativas e não raras vezes estão à frente das forças policiais, inclusive com estratégias, equipamentos e armamentos de primeira linha, capazes incrivelmente de até derrubar aeronaves, verdadeiros equipamentos de guerra.
     Um outro aspecto que de maneira alguma se pode olvidar é o das grandes áreas de fronteiras que o Brasil possui com países produtores de entorpecentes, o que dificulta e muito a fiscalização. O aparato policial em si, mesmo o das forças federais, dada a grande demanda de trabalho e o número reduzido do efetivo, não consegue mais satisfatoriamente dar o primeiro combate, aquele em que geralmente se apreende entorpecentes em toneladas. As policias estaduais, na maioria das vezes, limitam-se a apreender pequenos traficantes e usuários, que hoje tem proteção legal, no sentido de que a força da lei antidrogas, é voltada mais para a punição do traficante, enquanto aquele deve sofrer intervenções educativas, adaptativas e de recuperação para o convívio social.
     Por fim, a matéria jornalística deixa claro também que somente com políticas sérias, voltadas para a prevenção, aliada a uma atuante repressão é como se poderá amenizar o problema, que não é tão fácil de se resolver. Hoje se age mais repressivamente preferindo-se o confronto direto, o que tem trazido enormes perdas pessoais e materiais.
     Já está devidamente comprovado que somente com ocupações de áreas dominadas pelo tráfico com força policial não resolve a demanda, tendo em vista que há o deslocamento do tráfico para um outro setor. Em outras palavras, apenas se transfere o problema para uma outra parte, que com um tempo estará na mesma situação fática da área anterior ocupada. Com um agravante, quando o poder público sai da área ocupada, esta volta a ser dominada gradativamente pelo tráfico. Corolário disso haverá agora mais áreas com problemas.
     O que se deseja de fato é uma ação estatal permanente, pois se se colocar somente o Estado como força repressora em determinados setores urbanos, não propiciando políticas de inclusão social, inclusive de emprego e renda, somente se afastará o problema, agindo-se paliativamente, pois como se sabe, a criminalidade na sua dinâmica, migra.



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Militar Estadual - Estudante de Direito - Área da segurança pública.