segunda-feira, 15 de março de 2010

Tribuna do Norte - Segurança Pública - Big Brother? -

O olho eletrônico contra o crime

Publicação: 14 de Março de 2010 às 00:00imprimircomentarenviar por e-emailcompartilhartamanho do texto A+ A- Carla França - Repórter
     Diariamente, pequenos capítulos da vida urbana dos natalenses são registrados pelas lentes de câmeras instaladas em uma região denominada ‘área especial de interesse turístico’. Ao todo, 23 câmeras transformaram a Orla Potiguar (de Ponta Negra, passando pela Via Costeira, praias de Areia Preta, Artistas, Meio e Forte, além da Ponte de Todos e Redinha) em uma espécie de ‘Big Brother’ de prevenção ao crime.
     Colocadas em pontos estratégicos, elas funcionam como um mirante privilegiado de onde é possível captar as situações suspeitas. Filmam num ângulo de 360 graus, aproximam a imagem 80 vezes e possibilitam a visão do material capturado no raio de até dois quilômetros. “Temos três policiais por turno, assim cada um monitora oito câmeras num sistema de varredura. Quando encontra alguém em atitude suspeita focaliza na pessoa até que a situação se desfaça ou se confirme. Nesse último caso, o próprio policial aciona a viatura mais próxima da ocorrência”, explica o chefe de Operações da Polícia Militar na Capital, major Alarico Azevedo.
Emanuel Amaral

Instaladas na orla marítima que vai de Ponta Negra à Redinha, 23 câmeras monitoram todo o movimento 24 horas por dia . Apesar de não ter dados estatísticos fechados, pois as câmeras estão funcionando há uma semana, a Polícia considera satisfatório os primeiros resultados. “Conseguimos impedir três tentativas de suicídio na Ponte Forte Redinha. Mas também foram registradas ocorrências como furtos e outras naturezas”, explica o major Alarico.
     Segundo um dos coordenadores do sistema de monitoramento da PM, Jeferson Pereira, na primeira      experiência feita com esse tipo de monitoramento – quando em 2006 foram colocadas câmeras apenas na orla de Ponta Negra, houve uma redução considerável dos crimes. “Em 2006 reduzimos em 40% os números de ocorrências na área. Acredito que com esse novo sistema, vamos ter uma redução maior, mas só vamos ter como avaliar depois do primeiro mês de funcionamento”, disse Jeferson.
     O problema é que o alcance do monitoramento está restrito a um pequeno pedaço da cidade, que aliás, não é nem um dos mais perigosos e violentos. Existem áreas, as periféricas, por exemplo, que se possuíssem essas câmeras poderiam ter os seus índices de violência reduzidos.
     “Precisamos começar por algum lugar e a orla foi escolhida porque é uma área de interesse turístico. Além disso, tem o problema da exploração sexual e do uso de drogas. Temos câmera instalada no final da avenida João XXIII, em Mãe Luiza, que costuma ser uma rota de fuga de muitos traficantes. Mas a intenção da Secretaria de Segurança e Defesa Social é ampliar o monitoramento para outros pontos da cidade”, disse o major Alarico.

     Ainda segundo o major, o tempo de chegada da polícia no local da ocorrência diminuiu bastante, mas a meta é chegar aos três minutos, índice dos países desenvolvidos, que possuem sistemas de monitoramento semelhantes. “As câmeras enviam as imagens em tempo real para o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), no Comando Geral da Polícia Militar, não é preciso ligar para o 190 e solicitar a viatura. O próprio policial que está monitorando pede o deslocamento da equipe mais próxima”, disse o chefe de Operações da PM.

 
Flagrantes

     Na última quinta-feira (11), a equipe da TRIBUNA DO NORTE passou a tarde na sala de monitoramento do Ciosp. Entre as cenas captadas pelos equipamentos, dois jovens que conversavam tranquilamente no calçadão de Ponta Negra, chamaram a atenção dos policiais. Eles seguravam objetos que a policia imaginou tratar de algum tipo de droga. Imediatamente o policial aproximou a imagem e viu que se tratava de uma carteira de cigarros.
     “Nesse caso não era nenhum delito, mas se fosse, teríamos encaminhado uma viatura para o local e conseguiríamos chegar a tempo de dar o flagrante”, diz Alarico.

 
    O ‘BB-Natal’ consumiu investimento do Governo na ordem de R$ 21 milhões em 23 novas câmeras de monitoramento, operadas pelo Ciosp, que hoje possui a mesma tecnologia de monitorada utilizada em Washington, capital dos Estados Unidos.

 
Câmeras vão melhorar a segurança dos turistas

     Além de enviar imagens em tempo real e de boa qualidade para a Polícia Militar, o novo sistema de monitoramento consegue verificar os automóveis que trafegam na região, realizando automaticamente a fiscalização junto ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
     “Em questão de segundos a gente consegue saber se o carro está com algum documento atrasado e até mesmo se foi objeto de furto. Isso porque a câmera captura a placa do veículo e o nosso sistema já faz o rastreamento. Não é preciso acionar viatura, nem muito menos o Detran. Fazemos isso do Ciosp”, explica um dos coordenadores do sistema de monitoramento da PM, Jeferson Pereira.
      Esse projeto faz parte de um plano estratégico do Detran e da Secretaria de Segurança e Defesa Social para integrar as ações desenvolvidas para melhorar a segurança dos moradores da região metropolitana.
     Existe ainda o ViaPK, um veículo para monitoramento móvel que possui duas câmeras (dianteira e traseira) e dois equipamentos fixos com tecnologia OCR (Optical Character Rcognition) que permitem a leitura automática de placas para detecção de roubos e irregularidades dos veículos. “ Com o ViaPK, o policial que está na rua não precisa nem abordar o condutor para saber as informações dos veículos. Essa tecnologia permite o envio de informações em tempo real sobre os veículos que passam por ele, permitindo que policiais abordem apenas os veículos com problemas, deixando”, diz major Alarico.
     Segundo o chefe de Operações da Polícia Militar na Capital, a PM conta com um sistema de acompanhamento via satélite de viaturas. “Quase 50% das nossas viaturas já são monitoradas. Assim podemos saber onde estão todos os veículos a serviço da Polícia e qual deles deslocar para que a ocorrência seja atendida o mais rápido possível”, explica.

 
População ainda desconhece o ‘Big Brother contra o crime’

     A população de Natal ainda não está muito bem informada sobre o novo sistema de monitoramento da orla potiguar. A dona de casa Ronilda Viana era uma das que não conheciam, e não se incomoda com a ideia de ser monitorada.
     “É uma boa solução para combater o crime aqui em Natal. E se for para a nossa segurança, não me incomoda em nada o fato de ser filmada”, disse a dona de casa.
     O garçom de um quiosque da Praia do Meio também não considera o fato de ser filmado uma invasão de privacidade. “Eu não estou nem aí, quem deve se preocupar é quem está fazendo algo de errado. Não é um Big Brother, é para nossa segurança”, conta Cosme Antônio da Silva, que já tinha conhecimento das câmeras instaladas na praia.
     O major Alarico Azevedo explica que não há intenção de invadir a privacidade do cidadão. “As pessoas são filmadas até o limite da sua privacidade. Não estamos de forma alguma expondo o cidadão, mas no momento que alguém está em atitude suspeita a polícia tem o dever de investigar”, explica.
     Além disso, as imagens captadas pelas 23 câmeras são guardadas e só são liberadas mediante autorização judicial. “Os próprios policiais assinam todos os dias um termo de compromisso sobre a segurança dessas imagens”, afirma Jeferson Pereira.
     Para os policiais que ficam diariamente nas ruas, a instalação das câmeras já estão dando mais segurança à população. “A gente nota que a população está mais tranquila e os bandidos mais temerosos. Houve inclusive redução das ocorrências aqui no posto”, diz o sargento da Polícia Militar, Clonildo Nascimento

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