quarta-feira, 10 de março de 2010

Memórias de um Soldado de Polícia

      Naquele memorável dia do ano de 1993, acordou bem mais cedo do que o de costume e já por volta das 04:30h da manhã, reunira-se com mais cinco jovens da mesma faixa etária e se dirigiram incontinente  via bicicleta em destino ao seu destino. Vararam pois a madrugada na Avenida Itapetinga fracamente iluminada mas já recebendo as primeiras saudações matinais do astro rei. O destino? o Conjunto Panorama, local onde fica a Escola de Formação de Praças da PM.
     Ao chegar no quartel, uma ânsia logo tomou de conta do futuro recruta. Sentiu-se novamente aos dezessete anos quando da incorporação no Exército Brasileiro. Todo aquele ambiente lhe trazia uma imensurável alegria. O corpo da guarda com um sentinela devidamente posicionado; este com o fuzil em posição de descansar mas atento aos movimentos, parecia perscrutar a vida de cada um daqueles moços candidatos a uma vaga na Policia Militar. O verde do mangue do Potengi derredor da Escola, fazia com que a vontade de ingressar nos quadros organizacionais da força policial potiguar sempre aumentasse pois todo aquele clima lhe parecia acolhedor.
      A contragosto de alguns familiares o soldado ingressaria na corporação através de concurso público. Naquela época, exigia-se apenas o primeiro grau completo para entrar nas fileiras da PM e os vencimentos não eram muito animadores. Algo aproximadamente ao salário mínimo nos dias atuais, que sabemos, não dá para viver como reza a Constituição Federal. Mas mesmo assim, nem este último fato era empecilho para servir à sociedade através da Policia.
      por volta das 08:00H da manhã daquele alegre dia, já na fila da inscrição, deu azar o moço de sentar bem ao lado de um Sargento por demais rigoroso. Foi logo saudado como escoteiro devido a pequena compleição física, contando ele com apenas quarenta e oito quilos à época. Para os padrões que se exigiam seria um recruta muito magricela, daqueles que para muitos, não conseguiriam resolver sequer uma situação de conflito. Mas mesmo assim, insistiu o moço até que foi aceita sua inscrição e ficou a estudar  esperando  dia da  famigerada prova escrita.
      Num final de semana, aliás num domingo o certame veio a ser realizado no Colegio Atheneu Norteriograndense. Novamente partiu o jovem junto dos seus amigos também candidatos, desta feita de ônibus, para o local de prova. Terminada esta, tudo ótimo, a confiança e o amor aos livros faziam que se sentisse forte,  quase com a certeza da aprovação. Dito e feito, tempos depois saíra o resultado e nosso jovem conseguiu a trigésima sexta colocação, num total de aproximadamente quatrocentos e dez aprovados.
       Realizados mais os exames psicotécnicos e de saúde, seguira o já agora recruta para o dia da apresentação. Uniforme padrão do “alunal” dizem dos que entram é são “alunos”: calça jeans, camisa branca de mangas e tênis preto eram a vestimenta dos recrutas.
     Dia de boas vindas no Centro de Formação e Aperfeiçoamento da Policia Militar;  muita gente assediando os futuros policiais militares. Nesse sentido a turma do soldado de Polícia fora batizada de METROPOL, ou seja, de Polícia Metropolitana, mais um "merchandising" estatal para alavancar o nome da instituição e do Governo. Todavia, como tudo que é novo é quase sempre eficaz, a METROPOL fez história assim que saiu da Escola. Quatrocentos soldados na Capital, viaturas novinhas em folhas e o nosso soldado recruta se sentindo um verdadeiro super herói e de fato o era.
      Os meses de formação permitiram a acolher todos os ensinamentos necessários á lide policial. Aulas de tiro, administração de conflitos, Teorias de Policiamento, tiro defensivo,  resolução de ocorrências, primeiros socorros entre outras, fizeram que o recruta saísse um PM generalista que faz de tudo um pouco, inclusive arrisca a própria vida em benefício do corpo social ou mesmo do próximo.
    

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Militar Estadual - Estudante de Direito - Área da segurança pública.