Há
uma diferença significativa em ser (existir) entre estes dois materiais. Mas na
lógica da pedra e da vidraça, o material que for menos resistente, com certeza
sucumbirá. Como é bom ser pedra, pena que essa situação não perdura por tanto
tempo porque a história é cíclica e o mundo dá voltas e um dia quem militou de
pedra, agora está na condição de vidraça. E é ai que as coisas se complicam.
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Hoje,
na condição de chefia geral do Estado, por sua vez de vidraça, que se diga, tem
se mostrou-se irredutível, falando sempre em tom ameaçatório e quem diria, o
povo que mais pediu e concedeu anistia, negou-se a fazê-lo aos lideres do
movimento, usando o discurso de que anistia para pessoas que “cometem crimes,”
vejam o tipo de crime, desobedecer alguns preceitos, reivindicar direitos e
melhorias nas condições de trabalho, era algo impraticável. Agora é vidraça,
então, como sou material mais frágil que pedra, devo me proteger a todo custo
dela.
Sabemos
que de fato, aos Militares são proibidos a sindicalização e a greve, disso não
há dúvidas, mas se formos olhar a violência que grassa nosso pais,
principalmente a violência física, de sangue, regada principalmente pelo alto
consumo de drogas, e as condições em que bravas mulheres e homens envergam as fardas
em defesa do próximo, reivindicações deste porte, que diga-se de passagem, só
estão neste nível em virtude de anos e anos de falta de diálogo, de
reconhecimento e tratamento à mão de ferro porque tem passado todos os
policiais militares brasileiros, são tentativas desesperadas de se mudarem as
condições de vida e de trabalho.
Mas
não precisava ser desta forma. Temos visto a olhos nus o desenvolvimento dos
Estados brasileiros, bem como o do país como um todo, todavia, para as pessoas
que fazem esse desenvolvimento acontecer como profissionais da educação, saúde
e segurança, não participam ativamente do rateio do bolo. As riquezas estão
sempre concentradas nas mãos de uns poucos privilegiados. E daqueles que também
surripiam o erário público em todos os poderes constituídos, pois até parte do
judiciário, sistema de freios e contrapesos do Estado, encontra-se envolta em
negócios escusos, que envergonham todos os brasileiros.
A
classe política nunca fala em greve, porque ela mesma tem o poder de quando bem
entender, aumentar os salários para somas vultosas e bem na cara das pessoas
que os elegeram. E ainda aumentar as vagas para políticos não fazerem nada,
exceto locupletarem-se das riquezas produzidas pelos cidadãos. Os altos membros
do poder judiciário e de outros órgãos assessores da justiça, para ver e fazer
funcionar uma lógica tão perversa para os menores trabalhadores que estão na
labuta cotidianamente de sol a sol, tem recebido altos salários e benefícios que
as demais categorias não têm, e além de tudo, tem a mão protetora do Estado.
O
que resta mesmo aos trabalhadores, a sua única forma de pressão a todo esse
arrocho salarial a esta carga tributária estratosférica que não se reverte em
investimentos reais para o povo e tão somente em obras e serviços
assistencialistas, é a união, é a cobrança através de movimentos pacíficos e
legítimos em busca das melhorias. Sabemos que os mandatários do poder e do
ufanismo, todos os dias se locupletam com as benesses da riqueza altamente mal
distribuída em nosso país.
E
quem um dia foi pedra, dizendo e pregando tudo isso que trás este artigo, que
lutou, que brigou contra a ditadura, cometendo até atos considerados criminosos
como roubo, seqüestro e atentados, hoje virou vidraça, irredutível, nunca devendo
se pensar em anistia para trabalhadores que cometeram alguns excessos, mesmo aqueles
tendo recebido de braços abertos terroristas e assassinos de outras nações. Eis
a diferença entre ser pedra e ser vidraça. O mundo dá voltas.
Mairton
Dantas Castelo Branco – Maj PM-RN
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