segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Memórias de um Soldado de Polícia




Acs PM RN
Naquele memorável dia do ano de 1993, acordou bem mais cedo do que o de costume e já por volta das quatro e trinta da manhã reunira-se com mais cinco jovens da mesma faixa etária e se dirigiram incontinente, via bicicleta em destino ao seu destino.

Vararam pois a madrugada na Avenida Itapetinga fracamente iluminada mas já recebendo as primeiras saudações matinais do astro rei. O destino? O Conjunto Panorama, local onde fica a Escola de Formação de Praças da PM.


Ao chegar no quartel, uma ânsia logo tomou de conta do futuro recruta. Sentiu-se novamente aos dezessete anos quando da incorporação no Exército Brasileiro. Todo aquele ambiente lhe trazia uma imensurável alegria. O corpo da guarda com sentinela devidamente posicionado; este com o fuzil em posição de descansar mas atento aos movimentos, parecia perscrutar a vida de cada um daqueles moços candidatos a uma vaga na Policia Militar.


O verde do mangue do Potengi derredor da Escola, fazia com que a vontade de ingressar nos quadros organizacionais da força policial potiguar sempre aumentasse pois todo aquele clima lhe parecia acolhedor.


A contragosto de alguns familiares o soldado ingressaria na corporação através de concurso público. Naquela época, exigia-se apenas o primeiro grau completo para entrar nas fileiras da PM e os vencimentos não eram muito animadores, tinha realmente que gostar do que iria fazer. Algo aproximadamente ao salário mínimo nos dias atuais, que sabemos, não dá para viver como reza a Constituição Federal. Mas mesmo assim, nem este último fato era empecilho para servir à sociedade através da Policia.


Por volta das 08:00H da manhã daquele alegre dia, já na fila da inscrição, deu azar o moço de sentar na frente de um Sargento por demais rigoroso. Foi logo saudado como escoteiro devido a pequena compleição física, contando ele com apenas quarenta e oito quilos à época.

Para os padrões que se exigiam seria um recruta muito magricela, daqueles que para muitos, não conseguiriam resolver sequer uma situação de conflito. Mas mesmo assim, insistiu o moço até que foi aceita sua inscrição e ficou a estudar esperando dia da famigerada prova escrita.


Num final de semana, aliás num domingo o certame veio a ser realizado no Colegio Atheneu Norteriograndense. Novamente partiu o jovem junto dos seus amigos também candidatos, desta feita de ônibus, para o local de prova. Terminada esta, tudo ótimo, a confiança e o amor aos livros faziam que se sentisse forte, quase com a certeza da aprovação. Dito e feito, tempos depois saíra o resultado e nosso jovem conseguiu a trigésima sexta colocação, num total de aproximadamente quatrocentos e dez aprovados.


Realizados mais os exames psicotécnicos e de saúde, seguira o já agora recruta para o dia da apresentação. Uniforme padrão do “alunal” dizem dos que entram e são “alunos”: calça jeans, camisa branca de mangas e tênis preto eram a vestimenta dos recrutas.


Dia de boas vindas no Centro de Formação e Aperfeiçoamento da Policia Militar; muita gente assediando os futuros policiais militares. Nesse sentido a turma do soldado de Polícia fora batizada de METROPOL, ou seja, de Polícia Metropolitana, mais um "merchandising" estatal para alavancar o nome da instituição e do Governo.

Todavia, como tudo que é novo é quase sempre eficaz, a METROPOL fez história assim que saiu da Escola. Quatrocentos soldados na capital, viaturas novinhas em folhas e o nosso soldado recruta se sentindo um verdadeiro super herói e de fato o fora.


Os meses de formação permitiram a acolher todos os ensinamentos necessários á lide policial. Aulas de tiro, administração de conflitos, Teorias de Policiamento, tiro defensivo, resolução de ocorrências, primeiros socorros entre outras, fizeram que o recruta saísse um PM generalista que faz de tudo um pouco, inclusive arriscar a própria vida em benefício do corpo social ou mesmo do próximo.


E o amor à instituição e ao serviço policial só fizeram aumentar ao longo dos anos. A vontade férrea de prestar um bom serviço, atendendo ao público e socorrendo a quem mais precise, só fez com que nosso soldado se completasse como pessoa ao se sentir realizado como um valoroso policial militar da sesquicentenária Policia Militar do Estado do Rio Grande do Norte.





Publicado no Informativo eletrônico da ACS-PM-RN

3 comentários:

João Batista da Silva disse...

Mon amis Castelo Branco!!!

Por um momento me senti ao seu lado, nas muitas ida e voltas ao então CFAP em busca do tão esperado resultado; a aprovação no concurso e, o emprego tão esperado em dias difíceis...
Com o ingresso no curso tivemos, certamente, muitos momentos tristes e alegres, no início da vida castrense que ali se iniciara!!!
Ah meu caro, já se passaram quase 18 anos e, aqui estamos...tendo uns prosseguido com sucesso e outros nem tanto, muitos ascenderam profissionalmente, outros enveredaram pela marginalidade e alguns já não estão mais conosco!!!
Como diria meu grande filósofo (Isaac. Não o Newton, mas o Batista) é a vida, de onde devemos tirar as melhores lições e vivermos o "carpe diem", na melhor acepção do termo, aproveitando todo e qualquer momento de nossas vidas da melhor forma possível...
Amigo! "Je t'embrasse" e espero vê-lo também como colaborador no meu blog http://jbsbrown.blogspot.com/, onde tentamos pensar e discutir um pouco sobre educação e segurança e outras coisitas mais...

PS.: Quem sabe um dia desses não sai um belo diário (não do cárcere, mas da caserna)...Podemos amadurecer a ideia. (E pensar que eu ainda sou do tempo que idéia, era assim!!KKK)

Mairton Dantas Castelo Branco disse...

Obrigado, irmão Batista. Pois é: altos e baixos passamos juntos, naqueles tempos em que tudo era mais difícil, só algumas coisas não mudam, elas sempre são as mesmas, me refiro as mudanças que sempre acontecem e devemos nos preparar para elas. Abraços.

PS já seguindo o seu blog que está muito bom, por sinal..

Chateaubriand disse...

Dois grandes profissionais; daquela época muitas saudades, mas o sargento talvez não tão truculento, mas sim com certeza preocupado na formação daqueles que ao final do curso iria defender como reza o juramento a sociedade mesmo com o risco da própria vida. Por Chateaubriand - ST PM/RN.

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