quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O condutor, o ciclista e o pedestre

     Caminhando, pedalando, dirigindo ou pilotando pelas ruas da nossa capital e demais cidades que compõe a região metropolitana de Natal observamos que as categorias de usuários da via se misturam, mas se mostram contrários entre si. Como sabemos a ordem de prioridade nas vias para a legislação de transito no Brasil é inversa à que sugere o título deste artigo. Assim os maiores tem o dever de proteger os menores no sentido de porte e tamanho, por assim dizer, e todos devem obedecer as regras.
     Tem prioridade no transito primeiramente os pedestres, em seguida os ciclistas e por último os motociclistas motoristas. Acontece que às vezes quem está na ordem superior desta classificação, não quer tomar conhecimento daquele que por dever e obrigação deveria proteger, por pura falta de educação. Dessa forma pode-se constatar que maus condutores fazem pouco caso dos ciclistas e pedestres. Às vezes os primeiros demonstram atitudes grosseiras, amedrontado, tirando fino, como se diz aqui na terra. Isso sem falar na deselegância dos impropérios e buzinadas gratuitas o que torna o simples caminhar e pedalar um ato de extrema coragem.
     Mas também há parcela de culpa do ente público. No nosso país prioriza-se a produção em larga escala de automóveis em detrimento de um transporte público de qualidade. Aliado a isso também não se coloca em prática projetos voltados para a proteção dos pedestres e ciclistas e as vias das grandes cidades não dão espaço para esses usuários e nem os condutores respeitam os que existem.
     Analisemos os últimos projetos feitos para a nossa Capital. Primeiro o da Bernardo Vieira, muito badalado, pois ia de vez resolver o problema do transito nessa importante via de acesso de nossa cidade que interliga os principais bairros centrais aos da vizinha Zona Norte. O que se viu? Priorizou-se o meio de transporte coletivo, parabéns, todavia, pedestres e ciclistas não foram muito contemplados e este último sequer o foi. Anda-se nas calçadas sem uma proteção adequada e ainda assim estas servem em muitos casos de estacionamentos, haja vista a falta destes no projeto. Quanto aos pontos de travessia dos pedestres, encheram-se a via de faixas sinalizadas, o que foi muito bom, todavia tornou o transito insuportável principalmente horas de pico. Mas, e em que pé se encontra a nossa Bernardo Vieira hoje? faixas se apagando, os prismas de divisão de faixa principalmente da faixa exclusiva de ônibus estão sumindo e as paradas não estão tendo muita manutenção. Já é hora de revisão da projeto.
     Outro projeto não menos badalado é o da reforma da Via Costeira que está sendo dividida em faixas com um canteiro central. Para propiciar o alargamento dela foi desconstruída a ciclovia que era uma ilha de segurança para as pessoas que usavam tão importante corredor. A calçada está em frangalhos e os pedestres que a utilizam correm sérios riscos de acidentes enquanto dura a obra. Bom, com certeza o transito no local vai melhorar, não estamos questionando a valia do projeto a e sua importância para o fluxo de veículos, todavia, ainda dizemos que é necessária a ciclovia assim como também a reforma urgente calçada para maior segurança aos pedestres.
     Estamos no meio de uma administração que apregoa o desenvolvimento auto sustentável como sua principal bandeira e assim desejamos poder vislumbrar ações realmente condizentes com a causa ambiental. É hora de mudar, deve-se priorizar o transporte público sim, Natal precisa ter corredores para bicicletas para que as pessoas possam ter essa opção, os condutores devem de sua parte, cumprir com o que está prescrito no Código de Transito Brasileiro e nas normas de boa educação, protegendo sempre o mais vulnerável nessa complexa relação social que é o transito. Faixa de pedestre é para ser respeitada, calçada não é lugar de estacionar. O ciclista e o pedestre legais são aqueles também que observam as regras, não andando pela contramão, usando as passarelas e faixas contribuindo pela paz no transito.
     É somente com educação e projetos de mobilidade com segurança para todos que conseguiremos fazer um transito mais racional sem tantas vítimas. Se não mudarmos os paradigmas, continuaremos por longo tempo a ter problemas entre condutores, ciclistas e pedestres, que sempre se confundem na mesma pessoa, só depende do momento.



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Militar Estadual - Estudante de Direito - Área da segurança pública.