sábado, 2 de abril de 2011

Plano Diretor: bom para a Zona Norte?



Melhor para Parnamirim! Quando passamos na ponte Newton Navarro e vemos a solidão do único empreendimento de mais de dez andares na Zona Norte, bate uma sensação de tristeza porque algumas pessoas não acreditam no potencial deste setor da cidade que muito tem a oferecer.
                   A imprensa divulgou que foram licenciadas mais de 18 mil, repito, dezoito mil unidades habitacionais para o município de Parnamirim-RN, pelo que tudo indica, ao arrepio da lei, dos estudos de impacto ambiental, em detrimento ao meio ambiente, principalmente no tocante ao Rio Pitimbu que se encontra ameaçado pela especulação imobiliária desenfreada que teve inicio neste município.  Coincidência ou não, no mesmo tempo em que foi limitado o adensamento na Zona Norte porque não haver saneamento básico nem infraestrutura.
                   Mas ai perguntamos e Natal? Sede da copa do mundo de 2014, cheia de problemas, a começar pelo abandono de crianças  nos semáforos, quando não estão em atividades criminosas; das ruas esburacadas, dos hospitais da rede pública lotados com gente agonizando pelos corredores, da violência crescente, principalmente a motivada pelas drogas; A capital sequer tem 40% de sua área saneada, então, porque constrói torres e mais torres em toda a parte com exceção do eixo da zona oeste de baixo, discriminada por ser pobre, coincidência. Foi para isso que elegemos nossos representantes?
                   A solidão da única torre começada a ser erguida há mais de dois anos, sem sequer estar concluída, demonstra o total desrespeito com a população da Zona Norte, incentivada principalmente por gestores, que sob o discurso da falta de estrutura, cometem um ato de violência contra a sua população. Esta que serve apenas para eleger este tipo de político que somente aparece nas campanhas. Estamos fartos de dizer isto, mas tais, depois de eleitos se mancomunam e criam leis injustas para o povo. O silencio da única torre da zona norte depõe contra os que fomentam o não desenvolvimento desta parte da cidade que tem a maior população que sustenta o comércio, a indústria e os serviços desta capital.
                   Chegamos à adolescência na Zona Norte de Natal e em meio à falta de condições materiais dignas de existência, aprendemos a amar esta área que é de fundamental importância para a cidade como um todo. A zona norte em 1987, quando aportamos na boleia de uma camionete sofria ainda mais do que hoje. Quando é que os políticos de carteirinha vão deixar a hipocrisia de lado e vão investir nas pessoas que mais lhe afagam em Natal? Gente de bem que se vê vilipendiada dia a dia pelo abandono dos poderes constituídos. Que sofre em meio à violência; aos esgotos ao céu aberto; à falta de leitos hospitalares e atendimento ambulatorial todo o santo dia. As obras do PAC só funcionaram durante a campanha para prefeito e vereadores há dois anos, quando o então presidente veio ao Estado achincalhar figuras públicas locais. Realizaram um mega comício na obra de duplicação da avenida das Fronteiras, justamente há dois anos abandonada pela desídia do poder público em trabalhar para quem mais precisa.
                   Estamos cansados de ser celeiro de votos para gestores famintos e ávidos de receberem as benesses dos poderes constituídos com salários altíssimos para os atuais padrões, até mesmo mundiais, e em resposta, o que temos? A proibição de se construir na Zona Norte e por qual balela? Porque não há infraestrutura. Ora, nos livrem dos discursos políticos, ecológicos e ideológicos. Se a Zona Norte não é boa para Natal, porque não a anexa legalmente à outro município ou mesmo cria-se um Município independente? Afinal de contas, temos população maior do que a segunda cidade do Estado.
                   Será somente com mobilizações pacificamente organizadas na Zona Norte de Natal na busca dos direitos que são levianamente tolhidos em benefícios de outros setores, que a sociedade vai acordar através apelos dessa importante região administrativa. Afinal, a próxima campanha está há menos de dois anos e os responsáveis pelo não desenvolvimento desta área virão novamente pedir votos pois é só o que sabem fazer  mas, a resposta já está amadurecendo. Pode até não ser da próxima vez, mais o dia chegará que parte da população mais carente de apoio do poder público, não mais aceitará essa  pilhéria que por décadas, certos gestores no exercício do poder, tem feito com esta região administrativa.

Um comentário:

ildebran disse...

Lembrança de morrer


Quando em meu peito rebentar-se a fibra
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro
— Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh'alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade — é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade — é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Poucos — bem poucos — e que não zombavam
Quando, em noite de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo....
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nelas
— Foi poeta — sonhou — e amou na vida.—(foi PM sonhou com a PEC e....)

Sombras do vale, noites da montanha
Que minh'alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d'aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa!

Álvares de Azevedo
(1831-1852)

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