"Nenhum problema com essa afirmativa do Excelentíssimo Senhor Secretário de Segurança Pública que disse categoricamente que serão implacáveis com os maus policiais. Certíssimo! Todavia, entendo que melhor que ser implacável com os maus, deve-se primeiramente valorizar os bons, reconhecendo seu trabalho, sua dedicação e honestidade.
Basta isso para que os maus, que na nossa sesquicentenária Instituição, são uma ínfima minoria, passem a seguir o caminho do bom serviço, digno, corajoso e dedicado. Como se faz? Já se começou: criando condições melhores para o trabalho fornecendo armamento e equipamento; reconhecendo o direito de ascensão profissional, como a que está ocorrendo agora, criar mecanismos para que se pague um salário justo e digno que possa propiciar ao policial viver com satisfatividade com sua família; investir em moradias para os membros da polícia, dando-os mais segurança; melhorando o atendimento de saúde, principalmente o psicológico, já que se trabalha num nível cotidiano de "stress" muito alto entre outras ações de cunho valorizativo do profissional.
Enfim, torne uma organização mais humana, igualitária que oportunize a todos crescer e se sentir uma pessoa valorizada desde o primeiro dia de formação, que se verá excelentes profissionais, satisfeitos no que fazem. "
TN -“Seremos implacáveis com os maus policiais”
Publicação: 29 de Maio de 2010
O secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Rio Grande do Norte (Sesed), Cristóvam Praxedes, disse que será “implacável” com os maus policiais. Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça, Praxedes está há pouco mais de 50 dias no cargo e implementou uma política de colocar mais policiais nas ruas. “Mas esses policiais têm que ser amigos, parceiros da população”, falou. Natural de Taipu, Cristóvam Praxedes tem 70 anos, é casado e pai de duas filhas. Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o magistrado falou também da situação de um de seus genros, que é adjunto dele na Secretaria. “Se for comprovado nepotismo, ele será exonerado”. Praxedes é a favor da prisão perpétua para traficantes de droga e antecipou que pretende implementar um trabalho maior de prevenção. Ele também vai retomar o projeto de polícia comunitária. Na entrevista, ele também criticou os agentes e escrivães da Polícia Civil, que mantiveram uma greve de duas semanas pela retirada de presos das delegacias. Veja a entrevista de Cristóvam Praxedes.
Qual sua principal meta à frente da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social?
Nosso principal objetivo é fazer com que nós atinjamos o ideal de levarmos até a comunidade a crença de que a segurança irá em busca de melhores momentos. Queremos readquirir a confiança da sociedade. E a sociedade espera que determinadas atitudes sejam tomadas, algumas delas mais drásticas, mas sempre voltadas ao bem da comunidade. Temos que levar em conta o desejo do povo. E o desejo mais abrangente do povo atualmente é segurança.
A população potiguar atualmente vive um clima de insegurança?
Sim. Mas isso não é restrito somente a Natal ou ao Rio Grande do Norte. É um problema nacional. Sentimos que a sociedade ainda clama por segurança. Mas ela também já reconhece o trabalho sério que estamos fazendo aqui na Secretaria.
O senhor falou que a sociedade quer readquirir a confiança no setor de segurança. Hoje a população não confia mais na polícia?
Confia. Mas isso tem de ser ampliado. A sociedade quer medidas mais severas contra os criminosos, um policiamento mais ostensivo, na rua. Que os policiais sejam amigos, parceiros. Nunca violento contra o cidadão de bem. Por isso é que uma das minhas determinações é valorizar o policial que preste, que é a grande maioria. Contra os outros seremos implacáveis.
E existe uma minoria que não presta? E o que fazer com ela?
Infelizmente existe sim. Em relação a essas pessoas, vamos apurar os fatos, dar chance de ampla defesa, e, em se comprovando culpa, puni-las. Temos que ser rigorosos nesses casos. É inconcebível que alguém que tenha sido aprovado em concurso público para proteger a sociedade atue como criminoso.
Desde que o senhor assumiu a Secretaria de Segurança, tornou-se rotineira a realização de operações mais ostensivas. Isso será mantido?
Isso faz parte da nossa metologia de trabalho. Queremos um policiamento mais ostensivo, atendendo à população. Já fizemos quatro (duas na zona Norte, uma em Mãe Luíza e outra nas divisas com o Ceará e a Paraíba) e vamos continuar com elas.
O senhor é desembargador e já recebe o teto salarial do Estado. O que o fez aceitar o convite para assumir a Secretaria de Segurança?
Primeiro eu vim porque sei que ainda estou em condições de trabalhar e prestar um serviço ao meu Estado. Além disso também quero auxiliar o governador Iberê Ferreira.
Mas o senhor não aceitou esse convite imediatamente. Por quê?
Porque fiz algumas ponderações ao governador Iberê. Apresentei poucas reivindicações, que foram prontamente aceitas por ele.
Que ponderações são essas?
São poucas. Mas a principal delas é que não aceitarei, de forma alguma, ingerência política na minha gestão. Já surgiram alguns pedidos, mas convenci o governador de que o mais importante naquele momento era manter o trabalho policial. Vamos dar todo apoio ao policial bom, correto e honesto para o benefício da sociedade.
O senhor tem pretensões políticas?
Graças a Deus não. Nunca tive e não é agora que vou ter.
Como o senhor analisa o orçamento destinado à área de segurança pública no Rio Grande do Norte?
O governador tem dado uma atenção muito especial à nossa Secretaria. Tanto que já promoveu muitos de nossos policiais militares, adquiriu viaturas, motos e vai nomear o pessoal do concurso da Polícia Civil. Não tenho do que reclamar do orçamento se nossas necessidades estão sendo supridas.
O senhor pretende retomar algum projeto de polícia comunitária?
Isso será feito logo. Creio que já no mês que vem será posto em prática o novo modelo de polícia comunitária, com cada posto com uma viatura, duas motos e efetivo suficiente para a escala de trabalho.
O Rio Grande do Norte tem um problema histórico que é o da manutenção de presos em delegacias. Como isso se resolve?
Isso já está sendo resolvido. O meu colega Leonardo Arruda, secretário de Justiça e Cidadania, está construindo cadeias públicas. Hoje são poucos presos em delegacias e logo não haverá mais nenhum.
Como o senhor avalia a recente greve dos agentes e escrivães, que pediam a retirada dos presos das carceragens das delegacias?
Foi um movimento desnecessário. Se houvesse uma maior compreensão dos agentes, essa greve não teria sido deflagrada. Na minha opinião, a presidente do Sindicato, Vilma Marinho, está dando algumas declarações equivocadas. Ela é uma pessoa boa, sensata, e tenho certeza que ela vai acatar a decisão judicial.
O senhor é desembargador do Tribunal de Justiça. Influenciou de alguma forma na decisão judicial contrária à greve?
Não. Eu nem sabia quem seria o relator do processo. Fiz questão de ficar à parte de tudo para evitar esse tipo de acusação. Asseguro que não tive qualquer influência.
O senhor nunca trabalhou na área de segurança pública. Isso não pode atrapalhar sua gestão aqui?
De forma alguma. O secretário de Segurança Pública, para ter capacidade de administrar, não precisa ser PhD em segurança. Não precisa ter 30, 40 anos de polícia não. O que precisa é ter bom-senso, vontade de trabalhar, que seja correto. Eu não vim para cá para jogar na lama 40 anos de magistrado. Mas se em algum momento eu sentir que não estou servindo mais, vou ser o primeiro a chegar para o governador e pedir para ser substituído.
Segurança Pública é um problema só de polícia?
Não. Pelo contrário. É um problema de todos nós, que devemos cobrar uma educação melhor para nossas crianças, por exemplo. Temos também que ter uma atenção maior à questão das drogas. Isso abrange também uma legislação mais rigorosa aos traficantes.
Como seria essa punição?
Eu sou favorável à prisão perpétua. Sou contra a pena de morte, mas a prisão perpétua deveria ser aplicada aos traficantes, que trazem um mal imenso à sociedade.
E em relação ao usuário de droga?
Devemos primeiro agir de forma preventiva, para que ninguém entre no mundo das drogas. Mas caso entre, essa pessoa deve ser tratada.
A sede da Secretaria de Segurança fica nos fundos do prédio da Emater. O senhor pretende transferi-la para o antigo prédio da IPE, na rua Jundiaí, quando?
Creio que até setembro vamos nos mudar. A obra segue sendo tocada e vamos reunir todos os setores da nossa Secretaria lá.
O seu adjunto aqui na Secretaria de Segurança, o advogado João Eider Furtado, é seu genro. Isso não se caracteriza nepotismo?
A respeito disso, já fizemos uma consulta ao Ministério Público para que seja feita uma análise da situação. Se por acaso ver verificado o nepotismo, prontamente iremos resolver.
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