sexta-feira, 6 de julho de 2012

Correndo na cidade




    Dia desses sai para correr na cidade! Ponto de partida: velho Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Estado. Saindo pela primeira avenida, Rodrigues Alves, cruzei a Ceará Mirim até bater na Afonso Pena. Até aqui tudo bem: inicio de manhã ainda. Tradicionalmente esta última avenida é um “point” para aquelas pessoas de todas as idades que gostam de praticar saúde. Transito bom, parece até que o pedestriano tem vez em Natal.
    Poucos veículos nas ruas pois ainda se aproximava das sete, pessoas iam e vinham caminhando, correndo, pedalando numa pacificidade com as vias, que me fez lembrar o velho plano Palumbo, do Giácomo, nos tempos da gestão de O´Grady. Naquela época tínhamos verdadeiros gestores públicos. Para aqueles idos, as avenidas tinham sido projetadas para a ampla e salutar convivência entre senhores volantes e demais usuários das ruas.
Subindo a Afonso Pena, pude sentir ainda um clima muito bom, avenida arborizada, muitas casas comerciais, clinicas, hospitais, lojas de todos os gêneros. A partir deste ponto o corpo começa a ficar aquecido e a corrida muda de ritmo. Alcancei assim a linda Praça das Flores, local muito pitoresco da nossa cidade que ainda conserva um aspecto da Natal das antigas. Mais um minuto, cheguei a belíssima Ladeira do Sol com seu espetacular visual onde pude vislumbrar o lindo Oceano Atlântico em toda sua formosura, um verdadeiro presente de Deus.
    Desci frenando porque senão complica a corridinha e os músculos não aguentam o restante do treino, afinal, alcançara apenas o segundo quilômetro dela. Neste ponto da corrida, apesar da beleza da praia e das construções mais antigas, os problemas afloram. O calçadão é de muito bom gosto, com suas pedrinhas portuguesas brancas e de um tom avermelhado, mas parece que não há cuidados e nem manutenção da calçada. Há trechos danificados sem reparos.
     Lixo e esgoto jorrando também é possível encontrar ao longo da corrida. Muito embora existam grandes recipientes para a colocação dos resíduos sólidos, há pessoas que não tem essa preocupação e depositam plásticos, garrafas e papéis ao longo da Avenida Café Filho, que margeia as praias dos Artistas, do Meio e do Forte. Há também o problema das pessoas que caminham com os animais, sequer levam consigo recipientes para recolher os dejetos. Grande prática de incivilidade.
Nestas alturas já passava dos três quilômetros e alcancei o que foi um dia o pitoresco Hotel Reis Magos, que tanta gente hospedou nos seus anos d´ouro. Hoje só ruínas sem previsão de reparos ou reformas, serve mais de parada para moças da vida e demais deambulantes diurnos e noturnos. O que salva é o famoso Reizinho, que mesmo com seu mal estado de conservação, ainda recebe boêmios saudosos de um passado áureo.
    Passei então do quilometro quatro a altura de Brasília Teimosa, bairro tradicional conhecido por suas tancagens de combustível como vizinhança, fato que tem incomodado muita gente mas que nunca se resolveu. O local é bonito com uma grande área de escape e estacionamento de frente para o mar. Um pouco a frente um campinho de futebol e o primeiro elevado antes da ponte.
     Já subindo esta, coisa de duzentos metros percorridos da sua base, galguei o quilometro cinco, sendo um show a parte a subida da ponte, não obstante as pernas quererem parar diante do desafio. Vislumbrei sobremaneira o manguezal que dá margem ao Rio Potengi, tão maltratado por nós ao longo dos anos e o velho forte dos Reis Magos, um dos marcos iniciais da fundação da cidade.
     Lá do alto, do vão mais imponente, passa o rio perene e vai se encontrar com o mar numa paz celestial. A velha Redinha recebe destas águias seu quinhão de beleza de areias claras e um tom azulado do “riomar”. Vale a pena o cansaço da subida, para apreciar tamanha beleza das maravilhas malcuidadas pelo poder público de uma forma geral. Pela primeira vez subi na Ponte Newton Navarro a pé. A vista é tão bela que recomendo àquelas pessoas que ainda não o fizeram, pois o visual de Natal é muito bonito, lava a alma e descansa os olhos.
     Finalmente começamos o trajeto da volta mas sem coragem de encarar mais uma vez a Ladeira do Sol, optei por seguir pelas Rocas, cruzando a Rua do Motor e subindo a Floriano, onde o aclive é dividido, mas mesmo assim, quase que não alcançávamos o topo. Por essa altura já trilhávamos o quilometro nove e ainda faltavam dois para chegar de volta ao velho Quartel da PM.
     Como somos soldados e não desistimos tão facilmente, seguimos pela Floriano Peixoto e adentramos na Seridó, ao lado da Praça Cívica com sua beleza sem igual. Já com um ritmo acima dos seis minutos por quilometro, cruzamos a Prudente e a Campos Sales e adentramos à Avenida Rodrigues Alves para completar o percurso. Uma linda avenida também, bastante arborizada, possuindo de forma semelhante à Afonso Pena, muitos estabelecimentos comerciais que dão vida e movimento à cidade.
     Finalmente, quase em frente ao Quartel cheguei ao quilometro onze, já muito cansado pelo esforço, mas também contente por ter conseguido completar um dos percursos mais bonitos de nossa cidade turística, todavia, sem o aporte necessário para a sua mantença por parte do poder público.

Mairton Dantas Castelo Branco- - maj PMRN

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