Dia
desses sai para correr na cidade! Ponto de partida: velho Quartel do
Comando Geral da Polícia Militar do Estado. Saindo pela primeira
avenida, Rodrigues Alves, cruzei a Ceará Mirim até bater na Afonso
Pena. Até aqui tudo bem: inicio de manhã ainda. Tradicionalmente
esta última avenida é um “point” para aquelas pessoas de todas
as idades que gostam de praticar saúde. Transito bom, parece até
que o pedestriano tem vez em Natal.
Poucos
veículos nas ruas pois ainda se aproximava das sete, pessoas iam e
vinham caminhando, correndo, pedalando numa pacificidade com as vias,
que me fez lembrar o velho plano Palumbo, do Giácomo, nos tempos da
gestão de O´Grady. Naquela época tínhamos verdadeiros gestores
públicos. Para aqueles idos, as avenidas tinham sido projetadas para
a ampla e salutar convivência entre senhores volantes e demais
usuários das ruas.
Subindo
a Afonso Pena, pude sentir ainda um clima muito bom, avenida
arborizada, muitas casas comerciais, clinicas, hospitais, lojas de
todos os gêneros. A partir deste ponto o corpo começa a ficar
aquecido e a corrida muda de ritmo. Alcancei assim a linda Praça das
Flores, local muito pitoresco da nossa cidade que ainda conserva um
aspecto da Natal das antigas. Mais um minuto, cheguei a belíssima
Ladeira do Sol com seu espetacular visual onde pude vislumbrar o
lindo Oceano Atlântico em toda sua formosura, um verdadeiro presente
de Deus.
Desci
frenando porque senão complica a corridinha e os músculos não
aguentam o restante do treino, afinal, alcançara apenas o segundo
quilômetro dela. Neste ponto da corrida, apesar da beleza da praia e
das construções mais antigas, os problemas afloram. O calçadão é
de muito bom gosto, com suas pedrinhas portuguesas brancas e de um
tom avermelhado, mas parece que não há cuidados e nem manutenção
da calçada. Há trechos danificados sem reparos.
Lixo e
esgoto jorrando também é possível encontrar ao longo da corrida.
Muito embora existam grandes recipientes para a colocação dos
resíduos sólidos, há pessoas que não tem essa preocupação e
depositam plásticos, garrafas e papéis ao longo da Avenida Café
Filho, que margeia as praias dos Artistas, do Meio e do Forte. Há
também o problema das pessoas que caminham com os animais, sequer
levam consigo recipientes para recolher os dejetos. Grande prática
de incivilidade.
Nestas
alturas já passava dos três quilômetros e alcancei o que foi um
dia o pitoresco Hotel Reis Magos, que tanta gente hospedou nos seus
anos d´ouro. Hoje só ruínas sem previsão de reparos ou reformas,
serve mais de parada para moças da vida e demais deambulantes
diurnos e noturnos. O que salva é o famoso Reizinho, que mesmo com
seu mal estado de conservação, ainda recebe boêmios saudosos de um
passado áureo.
Passei
então do quilometro quatro a altura de Brasília Teimosa, bairro
tradicional conhecido por suas tancagens de combustível como
vizinhança, fato que tem incomodado muita gente mas que nunca se
resolveu. O local é bonito com uma grande área de escape e
estacionamento de frente para o mar. Um pouco a frente um campinho de
futebol e o primeiro elevado antes da ponte.
Já
subindo esta, coisa de duzentos metros percorridos da sua base,
galguei o quilometro cinco, sendo um show a parte a subida da ponte,
não obstante as pernas quererem parar diante do desafio. Vislumbrei
sobremaneira o manguezal que dá margem ao Rio Potengi, tão
maltratado por nós ao longo dos anos e o velho forte dos Reis Magos,
um dos marcos iniciais da fundação da cidade.
Lá do
alto, do vão mais imponente, passa o rio perene e vai se encontrar
com o mar numa paz celestial. A velha Redinha recebe destas águias
seu quinhão de beleza de areias claras e um tom azulado do “riomar”.
Vale a pena o cansaço da subida, para apreciar tamanha beleza das
maravilhas malcuidadas pelo poder público de uma forma geral. Pela
primeira vez subi na Ponte Newton Navarro a pé. A vista é tão bela
que recomendo àquelas pessoas que ainda não o fizeram, pois o
visual de Natal é muito bonito, lava a alma e descansa os olhos.
Finalmente
começamos o trajeto da volta mas sem coragem de encarar mais uma vez
a Ladeira do Sol, optei por seguir pelas Rocas, cruzando a Rua do
Motor e subindo a Floriano, onde o aclive é dividido, mas mesmo
assim, quase que não alcançávamos o topo. Por essa altura já
trilhávamos o quilometro nove e ainda faltavam dois para chegar de
volta ao velho Quartel da PM.
Como
somos soldados e não desistimos tão facilmente, seguimos pela
Floriano Peixoto e adentramos na Seridó, ao lado da Praça Cívica
com sua beleza sem igual. Já com um ritmo acima dos seis minutos por
quilometro, cruzamos a Prudente e a Campos Sales e adentramos à
Avenida Rodrigues Alves para completar o percurso. Uma linda avenida
também, bastante arborizada, possuindo de forma semelhante à Afonso
Pena, muitos estabelecimentos comerciais que dão vida e movimento à
cidade.
Finalmente,
quase em frente ao Quartel cheguei ao quilometro onze, já muito
cansado pelo esforço, mas também contente por ter conseguido
completar um dos percursos mais bonitos de nossa cidade turística,
todavia, sem o aporte necessário para a sua mantença por parte do
poder público.
Mairton
Dantas Castelo Branco- - maj PMRN
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