Naquele memorável dia acordou bem mais cedo do que o de costume e já por volta das quatro da manhã, reunira-se com mais cinco jovens da mesma faixa etária e se dirigiram incontinente e via bicicleta em destino ao seu destino. Vararam pois a madrugada em comboio sob a evanescente luz da Avenida Itapetinga em rumo ao Conjunto Panorama, local onde fica a Escola de Formação de Praças da PM.
Ao chegar no quartel, uma ânsia logo tomou de conta do futuro recruta. Sentiu-se novamente aos dezessete anos quando da incorporação no Exército Brasileiro. Todo aquele ambiente lhe trazia uma imensurável alegria. O corpo da guarda com um sentinela devidamente posicionado; uniforme impecável; arma em posição de descansar, mas atento a todo o movimento, parecia perscrutar a vida de cada um daqueles moços candidatos a uma vaga na Policia. Muros, o verde do mangue do Potengi derredor da escola, faziam com que a vontade de ingressar nos quadros organizacionais da força policial potiguar sempre aumentasse diante de tão rara beleza do local.
A contragosto de algumas pessoas, o jovem ingressou na corporação através de concurso público. Naquela época, exigia-se apenas o primeiro grau para entrar nas fileiras da PM e os vencimentos não eram muito animadores. Algo aproximadamente ao salário mínimo nos dias atuais, que sabemos, não dá para viver como designa a Constituição. Mas mesmo assim, nem este último fato era empecilho para servir à sociedade através da força policial.
Já na fila da inscrição, deu azar o moço de sentar bem ao lado de um Sargento por demais rigoroso. Foi logo chamado de escoteiro devido a pouca compleição física e a magreza de então, contando ele com apenas quarenta e oito quilos. Para os padrões que se exigiam seria um recruta muito magricela, daqueles que para muitos, não conseguiriam resolver sequer uma situação de conflitos. Mas mesmo assim, insistiu o moço até que foi aceita sua inscrição e ficou estudando esperando a famigerada prova. Num certo dia posteriormente ao inicio ao curso de formação, um oficial lhe dissera em tom de deboche, “amigo não estão mais exigindo altura mais não?” No que o valente recruta respondeu; pois é senhor: hoje na Polícia mede-se a inteligência e não a altura! Dito isto com todo o respeito, logicamente, no que deixou corado o oficial e este não teve mais como replicar.
Num final de semana, aliás num domingo a prova veio a ser realizada no Colegio Atheneu Norteriograndense e novamente partiu o jovem junto com seus amigos para o local de prova, desta feita de ônibus. Concluída o teste, tudo ótimo, a confiança e o amor aos livros faziam que se sentisse forte, com a quase certeza da aprovação. Dias depois o resultado fora positivo e o nosso recruta conseguiu a trigésima sexta colocação, num total de quatrocentos aprovados. Foi uma vitória sem igual muito comemorada.
Realizados mais os exames psicotécnicos e de saúde, seguira o já agora recruta para o dia da apresentação. Uniforme padrão do aluno soldado PM: calça jeans, camisa branca de mangas e tênis. Dia de boas vindas, com muita gente assediando os futuros policiais militares e a saudação inicial com muitas flexões de braços para fortalecer o corpo e a mente.
Foram dedicados meses no CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) da PM-RN. Atento sempre às instruções de como lidar no dia a dia para a mantença da segurança de terceiros e própria com educação, amor e zelo e nesse sentido a turma do soldado de Polícia fora batizada de METROPOL que na verdade era a mesma Policia Militar, mas com uma nova roupagem. E como se sabe, tudo que é novo é quase sempre eficaz, a Metropol fez história em Natal, quem não lembra. Mais de quatrocentos soldados na Capital, viaturas novinhas e o nosso soldado se sentindo um verdadeiro super herói e de fato o era.
Os meses de formação permitiram a acolher todos os ensinamentos necessários á lide policial. Aulas de tiro, administração de conflitos, Teorias de Policiamento, resolução de ocorrências, primeiros socorros entre outras, fizeram que o recruta saísse um PM generalista que faz de tudo um pouco em prol da sociedade pois assim essa o espera: um verdadeiro guardião da paz e da justiça.
3 comentários:
Sou desta turma com muito prazer,Turma de 1993 ultima do cfap.Monitor sgt helio.
Também sou destaturma, e do memo pelotão, há, por sinal o companheiro autor da memoria ficava na mesma coluna que eu, só que já nofinal devido a sua estatura, ele irá lembrar-se da mjinha pessoa... Sd-PM - CESINO, hoje, 2º Sgt - PM ( adilson )
Claro meu amigo Cesino, e como não me lembraria de Vossa Senhoria. Muito bom ter sido formado com todos vocês. Aprendi muito mesmo.
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