Vez por outra se vê a Policia Militar de um dos Estados da Federação envolta em casos de desvios de condutas que repercutem em nível nacional. Isto de certa forma macula o nome da instituição mais necessária ao exercício de um estado democrático de direito numa das mais importantes unidades federativas. Na verdade não é a instituição e sim algumas pessoas que a representam.
Falar de policiais militares que praticam desvios de condutas é atingir em cheio as corporações policiais que em sua grande maioria, são compostas de homens e mulheres de bem e que amam o que fazem. Todavia, não podemos deixar de fazê-lo, porque sempre sonhamos com instituições policiais cidadãs, dignas e honestas com a expurgação incontinente dos indivíduos que com sua conduta desviante, maculem o nome daqueles que trabalham honestamente para o bem maior do corpo social. Importante também é a necessidade de haver a devida valorização do policial digno e dedicado.
Os filmes Tropa de Elite e o Tropa de Elite II, guardado o sensacionalismo cinematográfico, salpicou a telona de fatos que vez por outra vemos nas mídias nacionais como realidade. Eles se tornaram um grande chama para a questão da corrupção de policiais mal remunerados e desvalorizados na função que exercem. Chega-se ao cúmulo de no último filme o principal personagem a afirmar que a sua polícia deveria acabar. Contudo isso não deveria sequer ter sido dito porque não é a instituição, como dissemos, e sim as pessoas dela. Estas é que devem ser afastadas da instituição policial
Além da guerra constante contra o tráfico de drogas e do envolvimento de policiais com traficantes; o surgimento das milícias, por fim foi publicado nas paginas de Veja a mais nova denuncia policiais daquele Estado: “o kit PM”.
Tal “Kit” divulgado na revista dá conta do grande número de roubo de veículos naquele Estado e quando se encontram os carros, eles são devolvidos sem alguns componentes. Daí apelidarem pejorativamente “kit PM” os acessórios negociados como macacos, chaves de roda e triângulos. O kit é repassado a R$ 50 ou 100, dependendo do carro, nas pequenas borracharias e lojas do comercio informal do ramo. É um comércio muito vantajoso que dá uma margem de lucro formidável para os comerciantes, tendo em vista que podem vender tal kit acima dos R$ 200,00 onde nos estabelecimentos formais por conta dos tributos e usura dos empresários, sairiam muito mais caros.
Mais uma pecha para a policia estadual e também para todas as policias do Brasil. Ruim para todos nós que fazemos as corporações porque condutas deste tipo que combatemos cotidianamente, respingam em todos que honram a farda que envergam.
Na mesma semana surge mais uma denuncia: um comandante é preso junto com mais doze policiais suspeitos de cobrarem propina para que na circunscrição policiada traficantes pudessem comercializar as drogas impunemente, sem a ação ostensiva, preventiva e repressiva de quem é pago para fazê-lo. Entendemos que na medida em que policiais são relegados a planos secundários, morando em favelas e com um salário incompatível com a função de segurança que desempenham, desde que não tenham um caráter forte e sejam alheios às falsas benesses dos desvios de condutas, mais facilmente serão cooptados pelos criminosos de profissão.
Não que isso seja a causa de desvios de conduta, pois o cidadão quando entra para as fileiras das corporações policiais, seu caráter e sua personalidade já estão formados. Cremos apenas que, dependendo de qual setor possa desenvolver os trabalhos, o policial poderá passar então para o lado da criminalidade, do dinheiro fácil e da “boa vida” que as instituições policiais não tem como lhe dar. Do contrário, aos bons são sempre cada vez mais cobrados em seu mister, em escalas estressantes que muitas das vezes passam de 24h de trabalho, além da cobrança mais rígida por serem regidos por normas militares.
É um problema que atinge parte das policias no Brasil e com mais força naquele Estado onde a criminalidade baseada no comércio de tóxicos e entorpecentes fincou suas raízes, distribuindo muito dinheiro. E o policial fraco, com sérios desvios comportamentais, cai nesta cilada, um caminho sem volta porque ou fica na mão do bandido que lhe paga o “arrego” ou fica nas mãos da justiça que o cobrará de forma ainda mais severa porque além de criminoso , era também ao tempo do ilícito, agente da ordem e da legalidade e conhecedores do seu dever.
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